O SANTÍSSIMO NOME DA VIRGEM MARIA
MONS JOÃO CLÁ DIAS,
Fonte: Arautos do Evangelho
Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus |
Apresentamos
nesta ocasião especial, o lindo e profundo texto do Mons João Clá Dias, sobre o
Santíssimo Nome da Virgem Maria, onde nos leva a meditar na grandeza, na
espiritualidade e importância deste nome e na pessoa santa e amorosa, que é a
Mãe de Deus e Nossa, a Virgem Maria.
"Este nome tem mais virtude do que todos os nomes dos
Santos,
para confortar os débeis, curar os enfermos, iluminar os cegos,
abrandar os corações endurecidos, fortificar os que combatem,
dar ânimo aos cansados e
derrubar o poderio dos demônios"
O nome de “Maria”
é como um bálsamo que corre agradavelmente sobre os membros dos enfermos e os
penetra com eficácia. Ele é semelhante a este óleo que, por suas unções,
reanima e suaviza, dá força, flexibilidade e saúde. Mais do que o nome de todos
os Santos. O de Maria nos repousa de nossas fadigas, cura todos os nossos
males, ilumina nossa cegueira, comove nosso endurecimento e nos encoraja em
nossos desânimos. Maria é a vida e a respiração de seus servidores, a saúde dos
enfermos, o remédio dos pecadores. Ricardo de São Vítor, interpretando estas
palavras do Eclesiastes (VII, 2): “É melhor o bom nome do que os bálsamos
preciosos”, as aplica assim à Bem-aventurada Virgem: “O nome de Maria cura os
males do pecador com maior eficácia do que a dos unguentos mais procurados; não
há doença, por desastrosa que seja, que não ceda imediatamente à voz desse
bendito nome”.
Nosso
Divino Salvador, se não me engano, no-lo quis recomendar quando, ressuscitando
dos mortos, o primeiro nome que aflorou em seus lábios foi o de Maria.
Com efeito, dirigindo-se à Madalena, a primeira a quem Ele aparecia após
sua Ressurreição, disse-lha (Jo XX, 16): “Maria”, para nos significar que o
nome de Maria encerra a vida em si mesmo, e se harmoniza tão bem com a vida
imortal, que merece ser o primeiro a sair da boca do Salvador, já em possessão
da imortalidade. Esta reflexão é de Cesário, em sua bomilia sobre a Visitação.
Nome que
desarma e abre o coração de Deus, em favor dos homens
A este nome, o perdão desce infalivelmente sobre as almas pecadoras, não
porque tenha Ela o direito de concedê-lo, mas porque é onipotente para
implorá-lo – Omnipotentia suppex. O nome de Maria abre o coração de Deus e põe
todos os seus tesouros à disposição da alma que o invoca.
A História nos ensina que uma multidão de Santo caridosos fizeram voto de
jamais recusar a esmola que lhes fosse pedida em tal ou tal nome. Assim que
ouviam o nome amada, eles davam, davam sempre, até o último óbulo e até suas
próprias vestimentas. O nome de Maria tem esse poder mágico sobre o coração de
Deus. Deus Filho, Jesus Cristo, entrega tudo o que tem àqueles que Lhes
estendem a mão em nome de sua Mãe; Deus Padre, fonte de toda riqueza, concede
toda graça àqueles que mendigam diante dEle invocando o nome de sua Filha
Bem-amada. (…)
Nome de salvação
e de alegria
O nome de Maria é um nome salvador, sobretudo nos perigos de ordem moral.
Quantas tentações por ele foram vencidas, quantos pecados evitados, quantos
imundos corações purificados, quantas penosas confissões extraídas de almas que
se cria para sempre fechadas!
É também um nome de consolação e de alegria. Ele dissipa a tristeza na
alma que o pronuncia. Tendes medo de Deus e de seus julgamentos? Pensai em
Maria e invocai seu nome: vossa confiança em Deus renascerá. Tendes medo dos homens,
diante dos quais vos cobristes de vergonha e perdestes a reputação? Pensai em
Maria e invocai seu nome: e não tereis mais receio de levantar os olhos diante
de vossos semelhantes. Esmaga-vos o peso da humilhação ou da dor física? Pensai
em Maria, invocai seu nome, e sereis aliviado. Tendes a horrível morte que
rompe e põe fim a tudo? Pensai em Maria, invocai seu nome, e tereis coragem de
aceitar esse supremo sacrifício.
Nome de força
"Aquela que pisa a cabeça da serpente"
O nome de Maria, enfim, é um nome de força. Quaisquer que sejam os
inimigos que vos ameaçam, venham eles do Inferno, como o demônio que vos tenta;
ou venham do mundo, como os adversários que vos perseguem, invocai o poderoso
nome de Maria e a todos vencereis.
Quaisquer que sejam vossas próprias fraquezas, provenham elas do orgulho,
da inveja, da sensualidade ou da preguiça, confiai vosso débil coração à
solicitude da Virgem, invocai o poderoso nome de Maria, e vos vencereis a vós
mesmos.
Precioso
tesouro da Santíssima Trindade
Recolhendo opiniões dos santos Doutores sobre o nome de Maria, traça São
João Eudes esta admirável síntese:
“O nome de Maria, diz Santo Antônio de Pádua, é júbilo para o coração,
mel na boca e doce melodia no ouvido.”
“Bem-aventurado o que ama vosso nome, ó Maria (é São Boaventura quem fala),
porque este santo nome é uma fonte de graça que refresca a alma sedenta e a faz
produzir frutos de justiça.”
“Ó Mãe de Deus, diz o mesmo Santo, que glorioso e admirável é vosso nome.
O que o leva em seu coração se verá livre do medo da morte. Basta pronunciá-lo
para fazer tremer a todo inferno e por em fuga a todos os demônios. O que
deseja possuir a paz e a alegria do coração, que honre vosso santo nome.”
“O nome de Maria, diz São Pedro Crisólogo, é nome de salvação para os
regenerados, sinal de todas as virtudes, honra da castidade; é o sacrifício
agradável a Deus; é a virtude da hospitalidade; é a escola de santidade; é,
enfim, um nome completamente maternal.”
“Ó amabílissima Maria, exclama também São Bernardo, vosso santo nome não
pode passar pela boca sem abrasar o coração! Os que Vos amam não podem pensar
em Vós, sem um consolo e um gozo muito particulares. Nunca entrais sem doçura
na memória dos que Vos honram.”
“Ó Maria, diz o Santo Abade Raimundo Jordão, o chamado Idiota, a
Santíssima Trindade Vos deu um nome que, depois do de vosso Filho, está acima
de todos os nomes; nome a cuja pronunciação devem dobrar o joelho todas as
criaturas do Céu, da terra e do Inferno, e toda língua confessar e honrar a
graça, a glória e a virtude do santo nome de Maria. Porque, depois do nome de
vosso Filho, não há quem seja tão poderoso para nos assistir em nossas
necessidades, nem de quem devamos esperar mais os socorros que necessitamos
para nossa eterna salvação.”
“Este nome tem mais virtude do que todos os nomes dos Santos para
confortar os débeis, curar os enfermos, iluminar os cegos, abrandar os corações
endurecidos, fortificar os que combatem, dar ânimo aos cansados e derrubar o
poderio dos demônios” (…).
“Ouçamos a São Germano de Constantinopla: “Como a respiração, diz, não só
é o sinal como também a causa da vida, assim quando vedes cristãos que tem com
frequência o santo nome de Maria na boca, é sinal de que estão vivos com a
verdadeira vida. O afeto particular que se tem a este sagrado nome, dá vida aos
mortos, a conserva nos vivos, e os enche de gozo e de benção”.
Numa palavra, quem diz Maria, diz o mais precioso tesouro da Santíssima
Trindade, como afirma Orígenes. Quem diz Maria, diz o mais admirável ornamento
da casa de Deus. Quem diz Maria, diz a glória, o amor e as delícias do Céu e da
Terra.
Nome terrível
para os demônios
Concluímos com estas fervorosas palavras do venerável Tomás de Kempis, a
respeito do glorioso nome da Mãe de Deus:
Os espíritos malignos tremem ante a Rainha dos Céus, e fogem como se
corre do fogo, ao ouvir seu santo nome. Causa-lhes pavor o santo e terrível
nome de Maria, que para o cristão é um extremo amável e constantemente
celebrado.
Não podem os demônios comparecer nem poder por em jogo suas artimanhas
onde veem resplandecer o nome de Maria. Como trovão que ressoa no céu, assim,
caem derrubados ao ouvirem o nome de Santa Maria. E quanto mais amiúde se
profere este nome, e mais fervorosamente se invoca, mais céleres e para mais
longe escapam.
Nome a ser
continuamente invocado
De outro lado, os Santos Anjos e os espíritos dos justos se alegram e se
deliciam com a devoção dos fiéis, ao verem com quanto afeto e frequência
celebram estes a memória de Santa Maria, cujo glorioso nome aparece em todas as
igrejas do orbe, que tem especialmente consagradas a seu louvor. E é justo e
digno que acima de todos os Santos seja honrada na Terra a Mãe de Deus, a quem
os Anjos veneram todos a uma só voz, com sublimes cânticos.
Seja, pois, o nome de Maria venerado por todos os fiéis, sempre amado
pelos devotos, vinculado aos religiosos, recomendado aos seculares, anunciado
pelos pregadores, infundindo aos atribulados, invocado em toda sorte de
perigos. É desejo de Deus que os homens amem a Nossa Senhora.
É desejo de
Deus que os homens amem a Nossa Senhora
Devemos amar a Santíssima Virgem – escreve Santa Antônio Maria Claret –
porque Deus o quer. (…) Ele próprio nos dá exemplo e nos incita a amar a Maria:
O Padre Eterno A escolheu por Filha sua muito amada; o Filho Eterno A tomou por
Mãe, e o Espírito Santo, por Esposa. Toda a Santíssima Trindade A coroou como
Rainha e Imperatriz do Céu e da terra, e A constituiu dispensadora de todas as
graças (…)
Devemos amar a Maria Santíssima porque Ela o merece, pelo cúmulo de
graças que recebeu sobre a Terra, pela eminência da glória que possui no Céu,
pela dignidade quase infinita de Mãe de Deus a que foi exaltada, e pelas
prerrogativas inerentes a esta sublime dignidade. (…) Devemos amar a Maria
Santíssima e ser seus devotos verdadeiros, porque a devoção a Ela é um meio
poderosíssimo para alcançar a salvação.
Bem-aventurados
os que amam a Maria
Feliz, feliz aquele que Vos ama, ó Maria, Mãe dulcíssima” – exclama Santo Afonso de Ligório. São João Berchmans, da Companhia de Jesus, costumava dizer: Se amo a Maria, estou certo da minha perseverança e de Deus obtenho tudo o que quiser. Renovava por isso sem cessar este propósito: Quero amar a Maria, quero amá-La sempre.
Oh! como esta boa Mãe excede em amor a todos os seus filhos! Amem-Na
estes quanto puderem, sempre serão vencidos pelo amor que lhes consagra Maria,
observa Pseudo-Inácio, mártir.
Tenham-lhe a mesma ternura de amor com que A tem amado tantos de seus
servos, que já nem sabiam o que mais fazer como prova muito que Lhe
bem-queriam. (…)
O nome de Maria cura os males do pecador com maior
eficácia do que a dos unguentos mais procurados; não
há doença, por desastrosa que seja, que não ceda
imediatamente à voz desse bendito nome”.
eficácia do que a dos unguentos mais procurados; não
há doença, por desastrosa que seja, que não ceda
imediatamente à voz desse bendito nome”.
Estava uma vez ao pé de uma imagem de Maria o Venerável Afonso Rodriguez,
da Companhia de Jesus. Abrasado de amor para com a Santíssima Virgem,
disse-lhe: Minha Mãe amabilíssima, bem sei que Vós me amais; mas Vós não me
quereis tanto quanto eu Vos amo. Então, Maria, como que ofendida em seu amor,
lhes respondeu: Que dizes, Afonso, que dizes? Oh! Quanto é maior o meu amor por
ti do que o teu por Mim! Sabe, lhe disse, que do meu amor ao teu há mais
distância do que do céu à Terra.
Tem, pois, razão São Boaventura ao exclamar: Bem-aventurados aqueles que
tem a felicidade de ser fiéis servos e amantes desta Mãe amantíssima! Sim,
porque esta gratíssima Rainha não admite que em amor A vençam os seus devotos
servidores. Maria, imitando nisto a Nosso Senhor Jesus Cristo, com seus
benefícios e favores dá a quem A ama o seu amor duplicado.
Ao amor de
Mãe, deve corresponder nosso amor de filhos
Sendo assim, ao amor de Mãe que nos tem Maria, devemos corresponder com
nosso amor de filhos. Pois é justo que nosso coração se mostre conquistado pelo
seu. Se nós A amamos, devemos nos comprazer com sua lembrança, falar dEla com
agrado e obedecê-La com diligência (…)
Devemos nos esforçar por imitá-La. A mais bela homenagem que um filho
pode render à sua mãe é de lhe reproduzir os traços em sua própria conduta. Que
nosso coração, portanto, seja semelhante ao de Maria. Antes de tudo, que ele
seja puro como o dEla; evitemos, pois, a imundície do pecado. Que nosso coração
seja bom e terno como o dEla; compassivo, acolhedor, benévolo, generoso.
Portanto, que nada exista de duro em nossos pensamentos nem em nossas palavras,
em relação ao nosso próximo.
Enfim, que nosso coração seja forte, como o dEla, indomável quando se
trata da salvação das almas, não abandonando jamais o terreno, quando nos tenha
sido confiado o regate de uma alma, trabalhando para isto com o perigo de nossa
própria vida. Portanto, nada dessas timidezes que se recusam a abordar as
almas, nada de covardias que recuam diante dos dificuldades. (Clá Dias,
João – Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado, Artpress, São Paulo,
1997, p. 299 à 304)