Apostolado, caminho
de santidade
VOCAÇÃO AO APOSTOLADO?
A Igreja, fiel à palavra do Senhor Jesus, não deixa
de ensinar que a vocação cristã, por
sua própria natureza, é também vocação
ao apostolado.
Esta afirmação nos apresenta duas considerações:
- A primeira é a de que o apostolado não é algo
acidental à vida cristã, mas faz parte de sua própria natureza.
- A segunda: se o apostolado é uma vocação, quer
dizer, um chamado, significa por um lado que Deus me pede isso e, se o faz, é
porque conta comigo e, se conta comigo, é porque tenho capacidade de responder,
pois Deus nunca me pediria algo que eu não pudesse fazer.
Ser cristão: ser santo e apóstolo
Dizíamos que ser apóstolo equivale a ser
cristão. O crente que não se vê a si mesmo como apóstolo mutila sua
própria identidade como discípulo de Jesus. Fazer apostolado não pode ser
algo acessório do qual eu possa prescindir sem que isso implique romper minha
vida cristã, afetar sua própria essência. São Paulo expressa essa verdade
fundamental de maneira apaixonada e eloquente quando diz «ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!» (1Cor 9,16).
A partir desta consideração não é difícil deduzir a
íntima relação entre santidade e apostolado. Ambas, de certo
modo, constituem a missão da Igreja no mundo:
« A missão da Igreja tem como fim a salvação dos
homens, a alcançar pela fé em Cristo e pela sua graça. Por este motivo, o
apostolado da Igreja e de todos os seus membros ordena-se, antes de mais, a
manifestar ao mundo, por palavras e obras, a mensagem de Cristo, e a comunicar
a sua graça ».(Apostolicam actuositatem, 6)
Todo cristão
está chamado a fazer apostolado e ao fazê-lo, contribui com Deus na
santificação de si mesmo e na santificação de outros. O apostolado é meio
e ao mesmo tempo fim de minha santificação. Com efeito, é meio enquanto o próprio fato de fazer
apostolado me santifica. É fim
enquanto faz parte da própria natureza da vida cristã e esta é plena união com
Deus mediante a vida em Cristo.
Sou apóstolo
por vocação.
É evidente que nem todos estamos chamados a fazer
apostolado da mesma maneira. O apostolado que pode realizar a religiosa
contemplativa, o pároco rural, o estudante universitário ou a dona-de-casa que
além disso trabalha meio expediente não é o mesmo. Entretanto, as
características pessoais e as circunstâncias da própria vida não anulam o
chamado, mas precisamente o qualificam: se o apostolado é uma vocação, Deus me
pede que a realize precisamente a partir de minha identidade, partindo de quem
eu sou, assim como das circunstâncias concretas de minha própria vida.
Isto nos leva a nos questionarmos a respeito da
própria natureza do apostolado, sua raiz profunda, interior; em uma palavra,
qual é a “alma” do apostolado.
A essência do
apostolado não pode ser senão a mesma essência da vida cristã, isto é o Amor de
Deus manifestado em Jesus Cristo. O cristão está chamado a viver o
Amor, e o Amor não é uma teoria nem um programa, é Deus mesmo —Deus é Amor— que
se faz homem e nos mostra nossa própria vocação. Cristo como o princípio
de minha vida interior, eis aí, o Caminho, a Verdade e a Vida.
«Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo»
(Fl 2,5) nos exorta São Paulo. Os sentimentos de Cristo são a
entrega no Amor ao Pai e aos homens. Paulo VI define o apostolado como «amor que transborda, que explode, que se
propaga em testemunho e ação». Nasce do encontro pessoal com o Senhor
Jesus e se alimenta de sua presença vivificadora que é a Graça. O apostolado é superabundância de Amor. Não
de nosso amor humano, forçosamente imperfeito, mas sim do amor de Jesus em nós.
Chegando a
este ponto é oportuno perguntar-me que grau de persuasão pessoal tem para mim
esta doutrina e suas necessárias concreções para minha vida cotidiana?
Como respondo efetivamente a minha vocação ao apostolado?
Santificando-me no apostolado