“Credo Spiritum Sanctum, Dominum et vivificantem”
Creio
no Espírito Santo, que é Senhor e dá a vida.
Símbolo
niceno-constantinopolitano
No dia 4 de junho, a Igreja
proclama a sua fé no Paráclito; fé que nasce da experiência apostólica do
Pentecostes que nos recorda as maravilhas operadas neste dia, quando os
Apóstolos constataram com grande admiração o cumprimento das palavras de Jesus na
vigília da Sua paixão:
«Eu
rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para estar convosco para
sempre» (Jo 14, 16).
Este
«Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, Esse ensinar-vos-à
todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito» (ibid., 14,
26).
E o Espírito
Santo, ao descer sobre eles com força extraordinária, tornou-os capazes de
anunciar ao mundo inteiro o ensinamento de Jesus Cristo. Era tão grande a sua
coragem, tão segura a sua decisão, que estavam dispostos a tudo, até a dar a
vida. O dom do Espírito havia-lhes libertado as energias mais profundas,
empenhando-as no serviço da missão que lhes fora confiada pelo Redentor. E será
o Consolador, o Parakletos,
a guiá-los no anúncio do Evangelho a todos os homens. O Espírito ensinar-lhes-á
toda a verdade, haurindo-a da riqueza da palavra de Cristo, a fim de que eles,
por sua vez, a comunique aos homens de Jerusalém e ao resto do mundo.
O
evento de graça do Pentecostes tem, com efeito, continuado a produzir os seus
maravilhosos frutos, suscitando em toda a parte ardor apostólico, desejo de contemplação,
empenho em amar e servir com total dedicação a Deus e aos irmãos. Ainda hoje o
Espírito alimenta na Igreja gestos pequenos e grandes de perdão e de profecia,
dá vida a carismas e dons sempre novos, que atestam a Sua ação incessante no
coração dos homens.
Escreve
São Paulo na Carta aos Romanos: «Todos aqueles que são movidos pelo Espírito
de Deus, são filhos de Deus» (8, 14).
Estas
palavras oferecem ulteriores pontos de reflexão para compreender a ação
admirável do Espírito na nossa vida de crentes. Elas abrem-nos a estrada para
chegarmos ao coração do homem: o Espírito Santo, que a Igreja invoca para que
dê «luz aos sentidos», visita o homem no íntimo e toca diretamente a
profundidade do seu ser.
«Se o Espírito habita em vós, não estais sob
o domínio da carne, mas do Espírito... Aqueles que são movidos pelo Espírito de
Deus, são filhos de Deus» (cf. Rm 8, 9.14 «Vós não recebestes um
espírito de escravidão..., recebestes, pelo contrário, um espírito de adopção,
pelo qual clamamos: "Abba, Pai!". O próprio Espírito atesta, em união
com o nosso espírito, que somos filhos de Deus» (Rm 8, 15-16).
Eis-nos no
centro do mistério! É no encontro entre o Espírito Santo e o espírito do homem
que se situa o coração mesmo da experiência vivida pelos Apóstolos no
Pentecostes. Esta experiência extraordinária está presente na Igreja, nascida
daquele evento, e acompanha-a no decurso dos séculos.
Sob a ação
do Espírito Santo, o homem descobre até ao fundo que a sua natureza espiritual
não é velada pela corporeidade, mas, ao contrário, é o espírito que dá sentido
verdadeiro ao próprio corpo. Com efeito, vivendo segundo o Espírito, ele
manifesta plenamente o dom da sua adopção como filho de Deus.
«Se
viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito fizerdes morrer as
obras da carne, vivereis» (Rm 8,
13). É precisamente assim: a docilidade ao Espírito oferece ao homem contínuas
ocasiões de vida.
Veni, Sancte
Spiritus! Iniciando
assim a sua invocação ao Espírito Santo, a Igreja faz próprio o conteúdo da
oração dos Apóstolos reunidos com Maria no Cenáculo; antes, prolonga-a na
história e torna-a sempre atual.
Veni, Sancte
Spiritus! Assim continua
a repetir em cada ângulo da terra com imutável ardor, firmemente consciente de
dever permanecer de forma ideal no Cenáculo, em perene espera do Espírito. Ao
mesmo tempo, ela sabe que do Cenáculo deve sair pelas estradas do mundo, com a
tarefa sempre nova de dar testemunho do mistério do Espírito.
Veni, Sancte
Spiritus! Oramos assim
com Maria, santuário do Espírito Santo, preciosíssima morada de Cristo entre
nós, para que nos ajude a ser templo vivo do Espírito e testemunhas incansáveis
do Evangelho.
Veni, Sancte
Spiritus! Veni, Sancte Spiritus! Veni, Sancte Spiritus!
Louvado
seja Jesus Cristo!
Trechos
da Homilia de João Paulo II em Pentecostes de 31de maio de 1988.