quinta-feira, 20 de maio de 2021

IGREJA CELEBRA O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E O IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

O mês de junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Essa é uma data móvel, celebrada na segunda sexta-feira após a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, Corpus Christi.

A Igreja, liturgicamente, celebra a memória do Imaculado Coração de Maria no sábado seguinte ao segundo domingo de Pentecostes.


Conheça a íntima ligação que existe entre as devoções ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria.

Fonte: Canção Nova 

A devoção ao Sacratíssimo Coração de Jesus e ao Puríssimo Coração de Maria são muito próximas na piedade dos fiéis e isto se reflete na Liturgia da Igreja, que fixa a memória do Imaculado Coração de Maria no sábado logo depois da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que se dá na última sexta-feira do mês Junho. este anos temos uma exceção, pois a última sexta-feira cai no fim do mês e, por isso, é transferida para a sexta anterior, para que no sábado seja celebrada a memória do Imaculado Coração de Maria.

Os devotos do Sagrado Coração de Jesus são sempre muito devotos do Imaculado Coração da Santíssima Virgem. Por sua vez, os devotos do Imaculado Coração de Maria são também muito devotos do Sagrado Coração de Jesus. Esta íntima ligação entre estas devoções existe porque toda verdadeira devoção ao Coração de Maria conduz ao Coração de Jesus, que no momento derradeiro da sua vida terrena nos confiou à sua Mãe1. Dessa forma, Maria nos conduz a Cristo, e Cristo nos conduz a Maria.

A unidade da devoção ao Coração de Jesus e de Maria

Santa Margarida Maria Alacoque compreendeu tão bem a correspondência entre as devoções aos Corações de Jesus e de Maria que considerava as duas uma só. Por isso, ela tinha o hábito de rezar esta jaculatória: “Divino Coração de Jesus eu Vos adoro e Vos amo do modo como viveis no Coração de Maria e Vos peço que vivais e reineis em todos os corações”2. O confessor de Santa Margarida, São Cláudio de la Colombière, indica o mesmo caminho indicado a nós por Jesus: “Resolvi não pedir nada a Deus em oração que não fosse por meio de Maria”3. Outros grandes santos, devotos do Sagrado Coração de Jesus, como Santa Brígida, São Francisco de Sales e São João Eudes, referiam-se ao Coração de Jesus e de Maria, no singular, para evidenciar a perfeita união de sentimentos e disposições entre o Coração da Mãe e do Filho. Este vínculo também se faz presente no lema “Per Mariam ad Cor Iesu” (Por Maria ao Coração de Jesus), dos Missionários do Sagrado Coração e as Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração.

São João Eudes, convicto de que esta devoção tinha sua origem num desígnio providencial, demonstrou, por argumentos teológicos, que o Coração de Jesus e o de Maria não têm diferenças entre si, mas constituem, pela união existente entre o Filho de Deus e sua Mãe Santíssima, um só e mesmo Coração. Sendo assim, não podemos separar estes Corações, que Deus uniu tão estreitamente: o Coração augustíssimo do Filho de Deus e o de sua Bem-aventurada Mãe. Ao contrário, a exemplo dos membros da Congregação de Jesus e Maria, fundada pelo Padre João Eudes, devemos contemplar e honrar estes dois amáveis Corações como um mesmo Coração, em unidade de espírito, de sentimento e de afeição, como está manifestamente expresso na saudação que fazem todos os dias ao Divino Coração de Jesus e Maria, bem como na oração e em várias partes do Ofício e da Missa que celebram na festa do Sagrado Coração de Maria Virgem.


A íntima ligaçao entre a devoção ao Coração de Jesus e ao Coração de Maria

Por causa desta íntima ligação entre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, o Papa Pio XII nos exorta:

A fim de que a devoção ao Coração augustíssimo de Jesus produza frutos mais copiosos na família cristã e mesmo em toda a humanidade, procurem os féis unir a ela estreitamente a devoção ao Coração Imaculado da Mãe de Deus. Foi vontade de Deus que, na obra da redenção humana, a santíssima virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo; tanto que a nossa salvação é fruto da caridade de Jesus Cristo e dos seus padecimentos, aos quais foram intimamente associados o amor e as dores de sua Mãe. Por isso, convém que o povo cristão, que de Jesus Cristo, por intermédio de Maria, recebeu a vida divina, depois de prestar ao Sagrado Coração o devido culto, renda também ao amantíssimo Coração de sua Mãe celestial os correspondentes obséquios de piedade, de amor, de agradecimento e de reparação. Em harmonia com esse sapientíssimo e suavíssimo desígnio da divina Providência, nós mesmo, por ato solene, dedicamos e consagramos a santa Igreja e o mundo inteiro ao Coração Imaculado da Santíssima Virgem Maria4.

O movimento universal de consagração ao Sagrado Coração de Jesus tornou-se completo com o movimento de consagração ao Imaculado Coração de Maria, que cresceu surpreendetemente a partir do pedido feito por Nossa Senhora na Mensagem de Fátima. As aparições de Nossa Senhora em Fátima (1917), Portugal, foram precedidas pelas do Anjo da Paz (1916), ou Anjo de Portugal, que disse aos pastorezinhos: “Os Corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas súplicas”5. Em outra aparição, o Anjo pediu aos pastorezinhos que oferecessem orações e sacrifícios em reparação pelas ofensas ao Sagrado Coração e pela conversão dos pecadores, e disse a eles: “os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia”6. Estas mensagens angélicas, que manifestam a íntima união dos Sagrados Corações, se tornariam mais compreensíveis com as palavras da bem-aventurada Jacinta, que em seu leito de morte disse à irmã Lúcia: “Tu cá ficas para dizer que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. O Coração de Jesus quer que, a seu lado, se venere o Coração de Maria”7.

Paralelos entre as devoções ao Coração de Jesus e ao Coração de Maria

Muitos outros paralelos entre as devoções ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria nos mostram esta íntima ligação entre ambas: a devoção das nove primeiras sextas-feiras e os cinco primeiros sábados; o espírito de oração e de reparação que anima as duas devoções; a consagração da humanidade ao Sagrado Coração de Jesus feita pelo Papa Leão XIII e o pedido de consagração da Rússia ao Imaculado Coração feito por Nossa Senhora em Fátima; a promessa do triunfo final de Nossa Senhora em Fátima: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará”, e a promessa repetida várias vezes pelo Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida: “Eu reinarei”.

Este paralelo sobre o triunfo dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria torna-se completo no pensamento de São Luís Maria Grignion de Monrfort, que considera o Reino de Cristo como consequência do Reino da Virgem: “Para que venha o Vosso Reino, ó Jesus, venha o Reino de Maria!”8 São Luís Maria acreditou, esperou e pediu por muitos anos a Deus que se realizasse o Reino de Jesus Cristo e da Virgem Maria nos corações dos fiéis. O Santo ainda profetizou: “mais cedo ou mais tarde a Santíssima Virgem terá um número nunca igualado de filhos, servos e escravos de amor, e que, por este meio, Jesus Cristo, meu Mestre muito amado, reinará nos corações como nunca”9. Como fez o Santo, e em atenção aos pedidos de Jesus e de Maria, rezemos e ofereçamos sacrifícios para que, por meio do Reino do Coração de Maria, “sobre as ruínas acumuladas pelo ódio e a violência, se estabeleça a civilização do amor, o Reino do Coração de Cristo”10.

Sagrado Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!


Links relacionados:

TODO DE MARIA. A devoção aos Corações de Jesus e de Maria.

TODO DE MARIA. As dores de Jesus e Maria e a reparação.

TODO DE MARIA. Jesus e Maria: duas colunas e dois corações.

Referências:

1 Cf. Jo 19, 25-27.

3 Idem, ibidem.

5 PADRE LUÍS KONDOR. Memórias da Irmã Lúcia, p. 78.

6 Idem, ibidem.

7 ASSOCIAÇÃO APOSTOLADO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS. Op. cit.

8 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria. Anápolis: Fraternidade Arca de Maria, 2002, 217.

9 Idem, 113.

10 PAPA JOÃO PAULO II. Mensagem ao Prepósito Geral da Companhia de Jesus. 5 de Outubro de 1986.