segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O "Pai Nosso" com profundidade




Pai Nosso


- Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe:

Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos”. É em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental, o “Pai-Nosso”.
Pai Nosso que estais no céu…

- Se rezamos verdadeiramente ao “Nosso Pai”, saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos nos liberta (do individualismo). O “nosso”do início da Oração do Senhor, como o “nós” dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas.

É com razão que estas palavras “Pai Nosso que estais no céu” provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca.

Os sete pedidos

- Depois de nos ter posto na presença de Deus, nosso Pai, para adorá-lo, amá-lo e bendizê-lo, o Espírito filial faz subir de nossos corações sete pedidos, sete bênçãos:


- Os três primeiros pedidos nos leva em direção a Ele, para Ele:
 Vosso Nome, vosso Reino, vossa Vontade!

É próprio do amor pensar primeiro naquele que amamos.

- Em cada um destes três pedidos não nos mencionamos, mas o que se apodera de nós é “o desejo ardente”, “a angústia”, do Filho bem-amado para a Glória de seu Pai: “Seja santificado… Venha… Seja feita…”:

Essas três súplicas já foram atendidas pelo Sacrifício do Cristo Salvador, mas se elevam doravante, na esperança, para seu cumprimento final, enquanto Deus ainda não é tudo em todos.

- Os quatro últimos pedidos desenrolam-se no ritmo de certas invocações eucarísticas: é apresentação de nossas expectativas e atrai o olhar do Pai das misericórdias. Sobe de nós e nos diz respeito desde agora, neste mundo:

 - dai-nos… perdoai-nos… referem-se à nossa vida, como tal, seja para alimentá-la, seja para curá-la do pecado.

- não nos deixeis… livrai-nos... referem-se ao nosso combate pela vitória da Vida, o combate da própria oração.

Santificado seja o Vosso Nome

- Na água do Batismo fomos “lavados, santificados, justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus”. Durante toda nossa vida, nosso Pai “nos chama à santidade”. E, já que é “por ele que vós sois em Cristo Jesus, que se tornou para nós santificação“, contribui para sua Glória e para nossa vida o fato de seu nome ser santificado em nós e por nós. Essa é a urgência de nosso primeiro pedido.
Quem poderia santificar a Deus, já que é Ele mesmo quem santifica? Mas, inspirando-nos nesta palavra: “Sede santos porque eu sou Santo”, nós pedimos que, santificado pelo Batismo, perseveremos naquilo que começamos a ser. Pedimos todos os dias, porque cometemos faltas todos os dias e devemos purificar-nos de nossos pecados por uma santificação retomada sem cessar… Recorremos, portanto, à oração para que esta santidade permaneça em nós.

Venha a nós o Vosso Reino…

- O Reino de Deus existe antes de nós. Aproximou-se no Verbo encarnado, é anunciado ao longo de todo o Evangelho, veio na morte e na Ressurreição de Cristo. O Reino de Deus vem desde a santa Ceia e na Eucaristia: ele está no meio de nós. O Reino virá na glória quando Cristo o restituir a seu Pai:

O Reino de Deus pode até significar o Cristo em pessoa, a quem invocamos com nossas súplicas todos os dias e cuja vinda queremos apressar por nossa espera. Assim como Ele é nossa Ressurreição, pois nele nós ressuscitamos, assim também pode ser o Reino de Deus, pois nele nós reinaremos.

Seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no céu…

- Pela oração é que podemos “discernir qual é a vontade de Deus” e obter “a perseverança para cumpri-la”.

Jesus nos ensina que entramos no Reino dos céus não por palavras, mas “praticando a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21).

Se alguém faz a vontade de Deus, a este Deus escuta”(Jo 9,31).

Tal é a força da oração da Igreja em Nome de seu Senhor, sobretudo na Eucaristia; é comunhão de intercessão com a Santíssima Mãe de Deus e com todos os santos que foram “agradáveis” ao Senhor por não terem querido fazer senão a Sua Vontade.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje…

Reza e trabalha.” “Rezai como se tudo dependesse de Deus e trabalhai como se tudo dependesse de vós.” Tendo realizado nosso trabalho, o alimento fica sendo um dom de nosso Pai; convém pedi-lo e disso render-lhe graças. É esse o sentido da bênção da mesa numa família cristã.
- Este pedido e a responsabilidade que ele implica valem também para outra fome da qual os homens padecem: “O homem não vive apenas de pão, mas de tudo aquilo que procede da boca de Deus”, isto é, Sua Palavra e seu Sopro.

Os cristãos devem envidar todos os seus esforços para “anunciar o Evangelho aos pobres”. Há uma fome na terra, “não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a Palavra de Deus” (Amós 8,11). Por isso, o sentido especificamente cristão desse quarto pedido refere-se ao Pão de Vida: a Palavra de Deus a ser acolhida na fé, o Corpo de Cristo recebido na Eucaristia.

A Eucaristia é nosso pão cotidiano. A virtude própria deste alimento divino é uma força de união que nos vincula ao Corpo do Salvador e nos faz seus membros, a fim de que nos transformemos naquilo que recebemos… Este pão cotidiano está ainda nas leituras que ouvis cada dia na Igreja, nos hinos que são cantados e que vós cantais. Tudo isso é necessário à nossa peregrinação.

- O Papai do céu nos exorta a pedir, como filhos do céu, o Pão do céu, Cristo: “é Ele mesmo o pão que, semeado na Virgem, levedado na carne, amassado na Paixão, cozido no forno do sepulcro, colocado em reserva na Igreja, levado aos altares, proporciona cada dia aos fiéis um alimento celeste“.

Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido…

- Neste pedido, nós nos voltamos ao Papai como o filho pródigo, e nos reconhecemos pecadores, diante dele, como o publicano (Lc 15, 11-32; 18,13).

- Nosso pedido começa por uma “confissão”, na qual declaramos, ao mesmo tempo, nossa miséria e Sua Misericórdia.

- Este mar de misericórdia não pode penetrar em nosso coração enquanto não tivermos perdoado aos que nos ofenderam.

- O amor, como o Corpo de Cristo, é indivisível: não podemos amar o Deus que não vemos, se não amamos o irmão, a irmã, que vemos.

Recusando-nos a perdoar nossos irmãos e irmãs, nosso coração se fecha, sua dureza o torna impermeável ao amor misericordioso do Papai.

- Confessando nosso pecado, nosso coração se abre à sua graça.

Oremos: Por livre vontade e a exemplo de Jesus, perdoo, rezo, amo, abençoo e agradeço a Deus pela vida de todas as pessoas que sinto que me rejeitam, me odeiam e amaldiçoam, não me amam, não me aceitam, me difamam e perseguem.

Não nos deixeis cair em tentação…

- Este pedido atinge a raiz do precedente, pois nossos pecados são fruto do consentimento na tentação. Pedimos ao nosso Papai que não nos “deixe cair” nela. Nós lhe pedimos que não nos deixe enveredar pelo caminho que conduz ao pecado. Estamos empenhados no combate “entre a carne e o Espírito”. Este pedido implora o Espírito de discernimento e de fortaleza.

- O Espírito Santo nos faz discernir entre a provação, necessária ao crescimento do homem interior em vista de uma “virtude comprovada”, e a tentação, que leva ao pecado e à morte. Devemos também discernir entre “ser tentado e consentir” na tentação. Por fim, o discernimento desmascara a mentira da tentação: aparentemente, seu objeto é “bom, sedutor para a vista, agradável” (Gn 3,6), ao passo que, na realidade, seu fruto é a morte.

Livrai-nos do mal…

- O último pedido ao nosso Papai aparece, também, na oração de Jesus: “Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno” (Jo 17,15).Diz respeito a cada um de nós pessoalmente, mas somos sempre “nós” que rezamos em comunhão com toda a Igreja e pela libertação de toda a família humana.

“Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,44),“Satanás, sedutor de toda a terra habitada” (Ap 12,9), foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo e é por sua derrota definitiva que a criação toda será “liberta da corrupção do pecado e da morte”.
- Ao pedir que nos livre do maligno, pedimos igualmente que sejamos libertados de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador.

- Neste último pedido, a Igreja traz toda a miséria do mundo diante do Pai. – Com a libertação dos males que oprimem a humanidade, ela implora o dom precioso da paz e a graça de esperar perseverantemente o retorno de Cristo. Rezando dessa forma, ela antecipa, na humildade da fé, a recapitulação de todos e de tudo naquele que…

“detém as chaves da morte e do hades” (Ap 1,18),

“O Todo-Poderoso, Aquele que é, Aquele que era, Aquele que vem” (Ap 1,8).
(CIC-Catecismo da Igreja Católica §2759-2865)

Fonte: Desejo Santo


Para se aprofundar consulte: Catecismoda Igreja Católica no site do Vaticano: www.vatican.va